O ano de 2014 foi recordista em incêndios no Sul de Minas. Segundo o levantamento da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, foram 42 na região. Só para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, a área destruída no ano passado foi de quatro mil hectares de florestas, o que é equivalente a nove mil campos de futebol.
Na região de Camanducaia (MG) e outros sete municípios vizinhos, quem monitora a situação dos incêndios é a APA Fernão Dias. Para a gerente do órgão, Raquel Junqueira Costa, o crescimento está ligado à estiagem.
"O principal motivo foi a falta de chuvas. Isso deixou a vegetação mais seca e aí aconteceu o aumento dos incêndios", diz Raquel.
A média registrada entre os anos de 2009 e 2013 foi de seis notificações anuais. Os 42 incêndios registrados em 2014 representaram um crescimento de 556,2%. Para Raquel, os prejuízos são grandes para o ecossistema.
"Tem a biodiversidade que é prejudicada porque você queima florestas, tem animais que morrem queimados. Você tem também o prejuízo para o solo mesmo", comenta a gerente.
Após presenciar a queima de 1000 hectares de florestas em 2007, o administrador rural Cláudio Cerca e outros funcionários fizeram o curso de brigadista e compraram equipamentos para combater as queimadas. A atuação do grupo já ajuda diminuiu os prejuízos causados pelo fogo. Para ele, que combateu um incêndio que durou mais de quatro dias, a suspeita é de que tenha sido criminoso.
"Todo dia de manhã tinha o foco. À noite resfriava a temperatura e aparentemente tinha apagado, mas de manhã chegávamos aqui e tinha novos focos. Talvez tenha sido alguém querendo limpar terreiro, colocando fogo em cisco para limpar terreiro", diz Cláudio.
Para reduzir ocorrências do tipo, a APA Fernão Dias faz parcerias com a Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros para a formação de brigadistas.